sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Peça do Mês - JANEIRO

Taça qingbai
Num contexto onde se valorizam particularmente as peças de porcelana chinesa, torna-se interessante dar a conhecer os primeiros “objectos” a ser reconhecidos como tal pelo Ocidente. Os qingbai (ou “branco azulado”) podem ser considerados como o antepassado directo das famosas porcelanas Ming de corpo branco, translúcido e vitrificado e marcam a passagem entre o grés (cerâmica de estrutura pesada e não translúcida e que coze e vitrifica entre os 1200 – 1280º) e a porcelana nos fornos da China do sul, como Jingdezhen, de onde são originários. Foram produzidos especialmente durante a Dinastia Song (960 – 1279) sendo que alguns autores recuam esta produção até ao Período das Cinco Dinastias (907 – 960)[1]. Os qingbai são mais translúcidos e sonoros ao toque do que as loiças brancas anteriores, apresentando ainda como característica destacada um vidrado azul pálido com textura de jade.
A taça da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves apresenta assim, uma pasta muito branca e um vidrado verde azulado. Tem por base um pequeno pé e o bordo é recortado. No interior está decorada com uma peónia incisa, símbolo da Primavera, sendo considerada “a rainha das flores”
tal como “a flor do amor, do afecto e da beleza feminina”[2] . A simplicidade e elegância da decoração são realçadas pelo acumular do vidrado nas incisões.
Este tipo de peças são associadas às cerâmicas Ding, produzidas no norte da China, quer pelas formas e decorações, quer pelo tipo de cozedura aplicada, na qual as peças eram colocadas de cima para baixo de forma a impedir deformações na estrutura
3. Em termos de forma/função estas peças foram muito divulgadas para um uso quotidiano, realizando-se pratos, jarros, incensórios, vasos, potes ou taças como é o caso do qingbai em questão.

Neuza Polido
(Serviço Educativo)

Proveniência: Peça adquirida ao Dr. Geoge Duff a 26/05/1960
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[1] Pinto de Matos, M. A., Porcelana Chinesa. Lisboa: Museu Calouste Gulbenkian, 2000, p.11
[2] Pinto de Matos, M. A., A Casa das Porcelanas, Lisboa: IPM e Philip Wilson, 1996, p.277
[3] Idem, pp.20 e 44 e The History of Porcelain (General Editor Paul Atterbury, London: Orbis Publishing, 1982, pp.18-20.

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