A exposição HABITAR
A CASA. Convergências CMAG/ESELx,
integra um conjunto de trabalhos realizados pelos estudantes da licenciatura em Artes Visuais e Tecnologias da Escola Superior de Educação
de Lisboa resultantes dos desafios lançados pelas visitas à Casa Museu, pela
leitura de bibliografia relacionada com o Dr. Anastásio Gonçalves (1888-1965), nomeadamente
excertos do diário da volta ao mundo escrito pelo próprio, bem como pelo
confronto com a pintura dos mestres Vermeer, Delacroix, Botticelli, Miguel
Ângelo entre outros.
Através do diário
gráfico são propostos olhares sobre a arquitetura, os objetos e a memória do
espaço da Casa. Registos rápidos de um desenho realizado na informalidade dos
gestos conduzem-nos pelos corredores, salas, antecâmaras, nichos, objetos de porcelana,
pinturas, esculturas e mobiliário - vislumbres de um espaço povoado pelas
histórias passadas, mas também pelos passos de quem descobre a Casa e o Atelier
do pintor Malhoa pela primeira vez.
A atenção perante o
detalhe, o pormenor quase escondido da obra, a observação da sua estrutura
compositiva e sobretudo a luz que modela cada cena são princípios que integram
o conjunto fotográfico que parte da proposta de recriação de uma pintura. Questões
de ordem técnica e compositiva (colocadas pela produção da cena da obra
recriada, estudo de iluminação, captura e edição digital da imagem) convergem
numa compreensão mais abrangente da obra de arte com o seu tempo e espaço de
criação, as suas dimensões conceptuais e/ou ideológicas e sobretudo na
capacidade de saber
observar, ler e interpretar. Os trabalhos
apresentados constituem um desafio para a consumação de um projecto semelhante
tendo por referência obras cujo tema é o retrato da colecção de pintura da
Casa-Museu.
Finalmente,
saímos do espaço museológico e passamos também nós a habitar a Casa com
projectos que se vão constituindo, também, em visões renovadas e actuais.
Então,
o Dr. Anastásio Gonçalves recebe-nos à mesa para jantar, travamos conhecimento
com a prima Maria Lucília e apertamos a mão a Calouste
Gulbenkian. Deixamo-nos inundar pelo pitoresco espaço, pela vivência inscrita
dos objetos sobre a mesa, pelos sons que a sua materialidade guardou, pela luz
que perpassa o vitral francês; na intimidade daquele espaço, o colecionador serve-nos
do seu vinho e divagamos com ele pelas viagens e as memórias inscritas nos
objetos que colecionou. A intervenção na sala de jantar resulta de um trabalho
realizado em colaboração com a área departamental de engenharia de Eletrónica, Computadores
e Multimédia do ISEL.
Por
fim, resta-nos congratular pela parceria estabelecida entre a Casa Museu Dr.
Anastácio Gonçalves e a Escola Superior de Educação de Lisboa que anuncia, a
partir dos trabalhos agora expostos, um conjunto de possibilidades de
desenvolvimento de projetos que, partindo dos processos criativos inerentes às
artes visuais, ao design de produto e comunicação, possam dialogar com a
memória e a atualidade de um espaço consagrado à criação, à educação e à
formação integral do ser humano.
Lisboa, 6 de
setembro de 2016
Paulo Andrade
Sandra Antunes
Teresa Matos Pereira
Tiago Veiga
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